Durante visita ao Chile, na década de 70, Fidel Castro foi apresentado por Salvador Allende ao companheiro Canepa Finissimo Cabernet Sauvignon. Em poucas horas de conversa, tornaram-se amigos de infância e ficou combinado que um contêiner deste Canepa desembarcaria na Ilha de Cuba, para ajudar na construção daquela república de médicos, músicos e bailarinas não subserviente ao grande irmão do norte. Quis o destino que tal fato nunca acontecesse, pois o invejoso general Pinochet assumiu o poder em Santiago e, ato contínuo, cancelou a remessa.
Muitos são os vinhos do Chile, todos de grande valor. Em sua escolha, Fidel mostrou grande sabedoria e integridade. Mesmo entre os Canepa, poderia ter optado por um Magnificum, orgulho maior da vinícola, o que teria sido um arroubo de vaidade não condizente com a pessoa e a proposta do líder. Também poderia ter optado por um Canepa Classico, este que se encontra facilmente em qualquer supermercado, mas teria sido uma demonstração barata de demagogia. Prevaleceu a honestidade, o caráter, o bom senso, o equilíbrio e a sutileza deste Canepa Finissimo.
Não é um vinho popular. Custa perto de 70 reais, um quinto do salário-mínimo no Brasil ou duas vezes o salário de um médico em Havana. Sem julgamentos, pois acredito que estes somente cabem à população de Cuba, e sem perder a ternura jamais, com uma taça deste Canepa Finissimo, brindo à saúde do velho comandante. Com a mão esquerda. Sempre. Até porque, eu sou canhoto.
7 comentários:
Acho que seu blog vai virar meu consultor de enologia.
Parabéns!
Beijo!
Pode deixar Eduardo, não vou passar nem perto do salsichão com mostarda.
:-)
Também sou.
Conta mais...................
Seu blog é uma delícia, parece um bom vinho
Bom para saborear gole a gole, degustando um texto de cada vez. rsrs
Gostei do Pinochet embargar o carregamento. rsrs
CONCORDO COM O CAMARADA ARCANJO.O SEU BLOG É UMA DELÍCIA MESMO,ALÉM DE VOCÊ SER UM ÓTIMO CONTADOR DE HISTÓRIAS.PARABÉNS.VALEU MUITO CONHECER O PISANDO EM UVAS.VOLTAREI SEMPRE COM O MAIOR PRAZER.
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