15.7.06

Desocupado Leitor


Consta nos guias dedicados ao vinho que La Mancha, região central da Espanha, é a mais extensa área vinícola do mundo, abrangendo 170 mil hectares de vinhedos de origem controlada. Seus vinhos são descritos nesses guias como simples, ligeiros e de bom frescor. E aí deixamos de lado a simplicidade, a ligeireza e, acima de tudo, a boa frescura dos guias enológicos para entrar nas páginas da maior obra literária de todos os tempos. 

A saga do Engenhoso Fidalgo D. Quixote de La Mancha foi eleita, em 2002, de maneira unânime entre os principais críticos literários, o melhor livro de ficção jamais escrito. Mas, em 1605, ao publicar sua obra-prima, Miguel de Cervantes tinha tão somente a intenção de produzir uma obra que elevasse o espírito humano um graal acima dos romances medievais e dos amores platônicos neles embutidos. 

Certo dia, desfeita sua extensa biblioteca, o fidalgo Don Quijana decidiu transformar sua vida num romance de cavalaria. Munido de armadura, lança, cavalo magro e um ajudante roliço, partiu em busca do grande amor de sua vida. Não precisou ir muito longe. Ali mesmo, pelas redondezas, deu de cara com a exuberante camponesa Aldonsa e tomou-a, na mesma hora pela senhora de seu coração e destino, a nobre dama Dulcinéia del Toboso. 

Não tivesse já encontrado o amor de minha vida, eu, como Don Quixote, partiria em santa loucura e peregrinação pela Espanha. Montado num cavalo Rocinante e na companhia de um fiel amigo Sancho, começaria pelo noroeste, terra dos Ribera del Duero, dos galegos Bierzo, Ribeira Sacra, Monterrey, Valdeorras, dos Toro de Valladolid; depois, visitaria, no outro lado, o País Basco e a Catalunha atrás do Txacoli de Vizcaya, dos Priorat, das Cava e de qualquer vinho produzido na Rioja. 

Sem escalas, seguiria direto para o sul, onde provaria os Jerez lá na fronteira e os brancos de Valencia. Só então, feito esse percurso, seguiria para o centro. Antes de chegar a La Mancha, porém, pararia nos arredores de Madrid para comprar um tempranillo, em Méntrida um Garnacha, em Toledo uma espada e, em Guadalajara, um coquetel a base de alcachofra que faz muito bem ao fígado. 

Missão cumprida, descansaria em qualquer taberna na região de La Mancha. Chegaria sem pressa, esperando que o sábio taberneiro do balcão visse minha chegada e de lá gritasse para a cozinha - " Ô Aldonsa, traz o melhor vinho da casa pro cavaleiro de triste figura!".

9 comentários:

Anônimo disse...

Nossa!!! Esse seu blog é uma delícia. Voltarei com calma para melhor degustá-lo.

Anônimo disse...

Caramba! Um blog só de vinhos, um luxo só! E pelo testo, um expert em vinhos. Fiquei fã. Voltarei.

elsO lUiz disse...

...apreciei sem moderação!

Anônimo disse...

nossa, simplismente de mais, seu blog!! adorei... voltarei com certeza

Laura_Diz disse...

Que blog mais chic e delicioso. Parabéns.
Laura

Anônimo disse...

muito 'chic' e útil. Parabéns

Anônimo disse...

Legal seu Blog !
Eu tenho um moblog de vinhos, qdo puder me diga sua opinião !
abrs !

Anônimo disse...

http://vinhos.moblog.vivo.com.br


Segue acima,

abrs. Sergio.

Unknown disse...

Paabéns!!!
seu blog nos deixa
com a boca cheia d'água.

sou apaixonada por vinhos!1
um forte abraço!