25.11.08

Metáforas. Ou, como não me tornei um sedutor falando de vinhos.


Dizem que vinho é poesia. Deve ser. Não o fosse, como explicar a profusão de aromas, cores e sabores que dele se desprendem em toda a sorte de análises, resenhas, notas e fichas de degustação criadas para transformar o amante do vinho naquele que pretende ser muito mais do que lhe confere, em significado e posição, a soma dos radicais que lhe restringem, o enófilo.

O que dizer da cor de ouro escuro de jóia antiga recém exposta ao sol, do aroma de feno cortado numa clara manhã de outono ou do sabor potente de taninos estruturados e bem domados como cavalos de raça em selas inglesas? Metáforas, diria o leitor. Inofensivas metáforas. Até ai tudo bem, não fossem as mesmas metáforas aglutinadoras de uvas e estrelas dos poemas de Neruda, substâncias perigosamente corrosivas se manipuladas sem a devida experiência.

O artigo parecia ser uma inocente reportagem sobre a Toscana. Não me lembro do autor, nem do que dizia. Recordo apenas da metáfora assassina.

... convém experimentar os saborosos supertoscanos da Casa Antinori, que se destacam por seus portentosos taninos atléticos e musculosos

Interrompi imediatamente a leitura e fui procurar o apoio de Madame B. Esta, para meu maior espanto, não apenas concordou com o autor, como também considerou bastante pertinente e sugestiva tal definição.


Confesso a você, querido leitor, que esgotei por completo meu arsenal de idéias sedutoras a respeito do vinho. Partidário dos populares e esqueléticos beaujolais, tenho perdido noites de sono pensando no inevitável momento em que, numa mesma mesa, terei entre mim e Madame B. um nobre italiano superdotado de taninos halterofilistas.

12 comentários:

Anônimo disse...

Caro amigo!

Não o conheço, porém venho através deste lhe parabenizar pelos posts e notícias interessantíssimas.

Tenho como favoritos alguns blogs, no entanto, ainda não conhecia o seu e como me impressionou! Você escreve magistralmente!

Li a respeito do “vinho de 3 milhões de dólares”, do “Café Anglais” e estou abalado.

Sou jurista, com formação filosófica e sociológica, acostumado com longos textos utilizando vocábulos pomposos que não dizem coisa alguma, você é o oposto, o extremo oposto, parabéns mais uma vez.

Como é bom ler textos de vida pensante, para fugir à triste rotina que nos é imposta diariamente.

Um abraço.

Pingas no Copo disse...

Eduardo é com enorme satisfação que te volto a ler.

Helô disse...

Voltaste! Isso merece um brinde!

A única garrafa que tenho em casa no momento (já aberta, parece que eu estava a adivinhar:)) é, seguindo Madame B., um raquítico, esquálido e humilde vinho verde, pelo qual paguei R$14.

Mas o que importa? O verão finalmente chegou a Porto Alegre, e com a brisa que agora sopra, apenas o suficiente para apaziguar o calor ainda sufocante, esse modesto português me refresca. E me enche de alegria.

À tua volta! E a Baco, que certamente não precisava falar dele para seduzir seus discípulos.

Administrador disse...

Meu caro, há quanto tempo!

Deve ter motivo mais que atléticos e robustos para nos privar de seus textos por tantos meses.

Li sua nova postagem e me vi nela, de certa forma.

Ao tentar escrever sobre o vinho, vez ou outra me faltam argumentos. Então, penso em lançar mão de alguns adjetivos que você adoraria... mas tenho me contido ao longo desses mais de 200 vinhos comentados.

Realmente, o vinho tem esse lado poético e léxico, mas não acredito que uma mulher inteligente se sentirá seduzida por alguém que descreva tão bem um líquido e, talvez, não saiba decifrar um sorriso.

Grande abraço e saúde!!!

Helô disse...

Ah, Eduardo, não faz isso, por favor. Não fecha totalmente o boteco. Abre pelo menos uma vez por mês, vai! Assim a gente sabe que vai ter algo de muita qualidade prá brindar.

Faço minhas as palavras do belo-horizontino (o hífen continua? ó céus, ó dúvida!): "Como é bom ler textos de vida pensante, para fugir à triste rotina que nos é imposta diariamente."

E agora vais rir de mim, mas não consigo achar outras palavras que não sejam as tão surradas "És eternamente responsável por aquilo que cativas." Acho que posso falar pelos outros, tu nos cativaste com tua prosa algumas vezes irônica, outras tantas beirando a crítica sardônica, mas sempre inteligente e duma elegância que quase não encontro nas minhas leituras.

Pensa nisso com carinho, vai. Eu prometo um rosé desses por mês, com sol ou chuva, à tua saúde e inspiração.

beijo de muito obrigada.

Anônimo disse...

salve! que bom tê-lo de volta! estive recentemente num salão de vinhos em paris e estou chegando à conclusão que esse líquido enseja mesmo diferentes poesias, seus odores, seus sabores e suas cores nos despertam sentimentos diferentes a cada nova experiência.

Anônimo disse...

Caro Edurado, muito bom o texto. Esta é a primeira vez que venho ao seu blog. Vou voltar sempre. Colocarei em meus favoritos. Agora se a sua inspiração está acabando, tente um Giramonte 2006, Marchesi de Frescobaldi.

Feliz 2009

Paulo Queiroz

Anônimo disse...

como só agora presto atenção ao título do seu post, quero expressar meus protestos: EU fui seduzida pelos seus textos falando de vinhos. não ouse parar!

Anônimo disse...

Olá,
Meu nome é Rodrigo D’Avila, 31 anos, vice-presidente da Vidigal Wines, produtor/engarrafador de vinhos de qualidade em Portugal. Brasileiro da gema, nascido em Porto Alegre, criado em Curitiba.
Nossa empresa quebrou todos os paradigmas na produção de vinho, sendo até hoje a única empresa Luso/Brasileira a conseguir ter seus vinhos como número 1 do mundo em dois grandes mercados internacionais, nos quais continua em primeiro há cinco anos.
Com 32 marcas, 5.000.000 garrafas/ano e distribuição em 22 países, somos talvez os brasileiros mais desconhecidos do Brasil. Uma história com o vinho de determinação, modernização e responsabilidade, nunca contada.
Gostariam de saber mais?

Anônimo disse...

Bom dia,
Nossa história começa com uma empresa familiar produtora e engarrafadora de vinhos de qualidade, de Origem Portuguesa, as Caves Vidigal, SA, fundada no ano de 1958.
Foi comprada em 1994 por um Português que emigrou de seu país e viveu 27 anos na Dinamarca, o António, onde até hoje possui uma empresa importadora, principalmente de produtos Portugueses para este pais escandinavo.
Com a volta do António a seu país de origem em 2001, retoma a Vidigal e casa com a Brasileira Maria Luiza. A família veio junto, eu (Rodrigo) e meu irmão Ricardo e nossas respectivas esposas a Luciana e a Andréa.
Em 2005 uma grande empresa Norueguesa distribuidora de bebidas, a Red&White adquire a parte das caves de nosso sócio. Nos tornamos Vidigal Wines, SA.
Com grande conhecimento em mercados internacionais de vinho, conquistamos novos clientes, com nossa flexibilização e exigências para cada praça. Modernizamos, melhoramos a infra-estrutura da empresa sempre com a preocupação na higiene e o bem-estar dos funcionários. Como 95% de nossa produção destina-se à exportação é nosso o vinho mais vendido na Noruega (Vidigal Reserva) e Angola (Reserva dos Amigos). Alemanha, Dinamarca, Suiça, Suécia, Bélgica, Andorra, Polónia, França, Itália, Espanha e Inglaterra, América do Norte (Canadá e Estados Unidos), América do Sul (Brasil) e agora recentemente a Ásia (China e Índia) são também nossos mercados.
Nosso portfólio conta com mais de 33 vinhos oriundos da Estremadura, Ribatejo, Alentejo, Douro, Dão, Beiras e Minho. Vinhos jovens, maduros, varietais, verde, rosé e espumantes.
A óptima relação com nossos clientes é a parte principal de nosso negócio, aquela ideia romântica de honestidade, integridade, profissionalismo e um sólido comportamento ético nos qualifica.
Por fim o mais importante, apresentamos um produto honesto com uma relação de custo/qualidade imbatível. Um vinho para se beber todo dia.
Muito obrigado.

Rodrigo D’Avila
Vice-Presidente/Director de Produção.

P.S.: Para maiores informações sobre as marcas, ficha técnica e prémios, favor consultar nossa página – www.vidigalwines.com

fatti navarro disse...

querido amigo parabéns pelo artigo "Metáforas"maravilhosamente e inesquecivel vinho... acompanho vários Blogs ,mas o seu é muito diferente e delicioso de ser ler assim como uma taça de vinho tinto a saborear.

bjus


Fatti.

ANALUKAMINSKI PINTURAS disse...

Belíssimo blog!!! Levarei o endereço, para voltar outras vezes e saborear,degustar os aromas e vinhos poéticos! Abraços alados.