A nível de vinho, muito se fala, pouco se diz. Sobre a matéria, proliferam como ervas daninhas toda a sorte de publicações ditas especializadas, colunas e artigos de jornalistas ditos especialistas e sites de profissionais como Robert Parker dito the wine advocate. Confio nos blogues.
Um sujeito que sai para jantar com a esposa ou com amigos e, no dia seguinte, descreve suas impressões sobre o vinho que pediu no restaurante tem, certamente, credibilidade muito maior do que o profissional que recebe o patrocínio - e os melhores vinhos - de grandes vinícolas e negociantes.
Confio no que diz o Pingus Vinicius no pingasnocopo, o Paco Torras no bistrô carioca, o Prosendo na a-adega, o Nuno no saca-a-rolha, Suzi no vinhoselivros, João Pedro no copod3 e a Karen no kafkanapraia, todos blogspot, e suas majestades as rainhasdolar ponto com.
Quer saber a nota de um Côte du Luberon? Pergunte à Teresa no rioparissemescalas.zip.net e esqueça o parecer jurídico Parker-Johnson. Wine advocates não pesquisam preços, não trazem vinho de Paris na mão com todo o cuidado, nem esperam o anoitecer e a companhia das estrelas para abrir a garrafa.
Mesmo o mais genial de todos os cérebros afirmou ser tudo relativo e mostrou a língua para as verdades absolutas da ciência. Quem se leva muito a sério corre o risco de perder o bom senso e acreditar nas bobagens que fala. Afinal, consideram-se sérios os engenheiros da NEC que inventaram o robô que decifra os aromas contidos no vinho a nível de casta e terroir de origem.
Em tom igualmente sério, fala-se que o aroma da vitis vinifera é irresistível quando exalado a nível de pescoço feminino e, por isso, já industrializaram as fragrâncias Sauvignon Blanc, Sauternes e Boisé, esta última para aqueles que não imaginam uma noite de amor sem o aroma de barricas de carvalho.
Parece mentira, mas fala-se também que o vinho deve também ser harmonizado a nível de música. Assim, marcas que nunca ouvi falar como Consensus e Chakana, devem ser devidamente degustadas, respectivamente, com a Nona de Beethoven e o álbum Sargent Peppers Lonely Hearts Club Band. Falam que suas estruturas se harmonizam. Deve ser. E fala-se ainda muito mais.
Cá entre nós, deixem que falem. Como diz o sábio provérbio português, quem muito fala de vinho, sede tem. Pois.
11 comentários:
A nivel de blog de vinho, esse seu post está do cacete! Assino em baixo. É muita frescura.....
Eu concordo com você, acho até que publicações e descrições especializadas acabam com uma certa beleza e poesia da bebida.
O Côte du Luberon é o vinho da região da França que eu mais amo, pelo cheiro, pelo sol, pela paisagem. Ao lado dos Côte du Rhône e dos Côte de Provence, é o vinho do verão, com seu aroma de lavanda, de olivas, de sol a pino... huuummm, bom demais.
A importância que dou aos conselhos dos amadores é cada vez maior. Sente-se mais paixão, mais emoção naquilo que dizem. Saiu-lhes do bolso o pinga que bebem.
Procuro cada vez mais os conselhos dos amigos.
Um abraço Luso
Edu, a fôrma está no Shoptime. Corre lá! :-)
Beijuca
Parabens pelo post. Está um espectáculo.
Enrubescida à la cabernet franc,encabulo. A delicadeza do post é digna de você.
beijos
Gostei muito do que li nos seus posts.
Parabéns!
Te convido para ler os meus.
abraços
Santucci
A proposta de seu blog é muito interessante. Pena que muitas coisas das quais você fala você não tem a menor noção. Eu odeio o RP, mas, para sua informação, ele compra todas as garrafas que prova e não tem nenhum patrocínio. Não concordo com a pontuação e forma de divulgação,mas há de se respeitar o homem pelo trabalho que faz. A opinião do amador é a mais importante, concordo, mas a do profissional adiciona sempre novidades. Não seja tão medroso de olhar as coisa por outros pontos de vista diferentes dos seus. Forte abraço
Prezado Eduardo,
seu texto é delicioso. Eu festejo suas safras.
Como é o seu endereço eletrônico?
Abraço!
Ah! Quando eu li o texto "mea culpa" eu me arrependi de não ter lido de joelhos. Lindo! Genial! Encorpado.
Abraço.
Ana Cançado.
eco_logica@uol.com.br
Aguardo contato para possivelmente publicar alguns de seus textos em edições comerciais de um certo festival de vinho.
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