2.8.13
Degustações verticais
Séculos antes de Yuri Gagarin, Abu Musa Jabir ibn Hayyn já havia subido aos céus. Não a bordo de uma vostok, mas pilotando al-ambiq, o fogão no qual destilou o elevante espírito do al-kohul.
Mas o grande alquimista, também chamado Geber, não foi o primeiro homem a se aventurar no domínio dos deuses. Os sumérios já haviam estado lá para conhecer a casa do herói Gilgamesh, também chamado Órion. Visitando musas mitológicas, os antigos gregos também passearam por lá.
Séculos antes do cosmonauta russo afirmar que a Terra é azul, o persa Omar Khayyán, não por acaso astrônomo e grande entusiasta do vinho e das paixões transitórias, descreveu o firmamento como uma grande taça emborcada.
À maneira de Geber, pode-se visitar o espaço a bordo de um Cinque Stelle. Do alto de seus 15.5 graus de al-kohul, chega-se rápido à constelação formada pelas uvas corvina, rondinella e molinara, também chamada Amarone della Valpolicella.
Para quê subir ao céu? questionam esses antiparnasianos degustadores horizontais de vinho. Ora direis, pergunte ao Bilac.
À maneira dos contemporâneos de Platão, nós, que não tememos a cruz do sul nem a espada do gigante Órion, seguiremos radiantes em direção aos luminosos braços de Andrômeda e à cintilante cabeleira de Berenice.
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